Contos TAMAN por Mikhail Lermontov Taman é a pior cidadezinha que se pode encontrar em toda a costa da Rússia; estive por lá quase a morrer de fome e por lá tentaram afogar-me. Cheguei lá noite avançada, num carro de posta; o postilhão levou a fatigada troika à primeira casa de tijolo da cidade, junto das portas. O guarda, cossaco do mar Negro, ouviu o tilintar das campainhas e berrou com uma voz áspera e ensonada: «Quem está aí?» Depois saíram um sargento e um fiscal, a quem expliquei que era oficial, que ia para a frente em serviço e que desejava aboletar-me. O fiscal levou-nos pela cidade, mas todas as cabanas a que batemos estavam já cheias. A noite estava fria; eu já não dormia há três noites e sentia-me imensamente fatigado. Por fim, perdi a serenidade e gritei: - Malandro, leva-me para onde quiseres, para o Diabo, se te apetecer, mas arranja-me cama! - Ainda há por aí outro lugar - disse o fiscal coçando a nuca - mas naturalmente V. Ex.ª não quer... É pouco limpo... Não compreendi logo o sentido exacto destas últimas palavras e disse-lhe que fôssemos imediatamente; depois de andarmos que tempos por vielas imundas, ladeadas só por casebres em ruínas, chegámos a uma cabana pequena e edificada mesmo junto do mar. | |
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